quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Thippos Legais: a caçada nunca termina

Não é de ontem que homens e mulheres de diversas civilizações dedicam tempo aos cabelos. Pentes e navalhas feitos em pedra estão entre diversos achados arqueológicos, para comprovar que cuidar das madeixas é uma das preocupações mais antigas da humanidade. Essa preocupação foi crescendo ao longo do tempo, até que o profissional responsável pela tarefa de cuidar dos cabelos assumisse um papel de destaque e prestígio, há cinco mil anos, no Egito, perpetuando-se entre diversas outras civilizações antigas até a atualidade.

Hoje, é Dia do Cabeleireiro, profissão para a qual Andre Guerrero, diretor e fundador da rede THIPPOS Hair, tem uma definição clara: é mais que cuidar de cabelos e atender bem aos clientes. Trata-se de uma carreira em que os profissionais são responsáveis também por saúde e autoestima das pessoas que confiam neles. Para prestar uma homenagem aos colaboradores do Thippos, Andre é o entrevistado desta edição do Thippos Legais, série de entrevistas aqui no Blog com parceiros e pessoas identificadas com a rede de salões. E é o momento também de aproveitar para conhecer um pouco mais da história do THIPPOS Hair, discutir a profissão e, claro, adiantar novidades.

O THIPPOS Hair já era idealizado há 25 anos. “Eu tinha 18 anos. Naquela época, eu cortava o meu cabelo na Vídeo Hair, com o Airton. Era um lugar diferente! Muito moderno, descontraído”, conta Andre Guerrero. Ele acrescenta que o espaço era frequentado tranquilamente por homens e mulheres, já que era neutro e se enfatizava o profissionalismo. A ideia de ter um empreendimento semelhante empolgava.

Blog Thippos Hair – Quando e como foi o start?
Andre Guerrero – Foi em 13 de agosto de 1998, portanto há 13 anos. Eu havia ganhado um carro por ter sido o melhor vendedor de seguros de vida do Brasil, dentre os gerentes de um banco americano, no qual trabalhei por seis anos. Então, vendi e dei vida à minha vontade de abrir um salão. Assim, surgiu o THIPPOS da Cidade Baixa, que funciona até hoje no Shopping Nova Olaria.

BTH – Iniciar um empreendimento dessa forma é algo ousado, como formar equipe e definir serviços...
AG - Os profissionais que começaram comigo, sem dúvida, foram fundamentais para o ponta pé inicial ser um sucesso - agradeço muito a eles. Mas eu ainda sentia uma distância entre o que eu idealizava. O conceito não estava “pronto”. E não era uma questão profissional, técnica. Faltava identificação com a proposta do THIPPOS, que sempre imaginei como um espaço com forte “personalidade” ao mesmo tempo que oferecesse o diferente. Tipos diferentes, mas complementares. Aos poucos, essas personalidades vieram. Luiz Jacoby, Andre Kozlowski, Eduardo Kaiper e Leo Zamper foram os profissionais que impulsionaram a marca no início e deram a ela uma cara moderna. O corte sempre foi o nosso forte, mas atendíamos todas as necessidade de cor, mechas e produção de penteado e maquiagem.
Foto: Leo Zamper em ação

BTH – E como são os Tipos do THIPPOS? Qual a história do nome?
AG - Quando pensava no público que eu gostaria de atingir, sentia muita dificuldade, porque, na verdade, eu não queria excluir ninguém! E não era só uma questão comercial ou de posicionamento de mercado... Era um ideal. Por isso, pensava que o espaço deveria ter profissionais que acolhessem toda e qualquer vontade dos clientes. Sem limites à criação. E o nome? Na época, existia em espaço chamado Tipu's, na Rua Thomás Flores, que pertenceu ao cabeleireiro Nei Nunes, que era um grande amigo. Eu era um cliente fiel. Ele trocava de salão e eu o acompanhava. Fiz isso durante uns seis anos, em dezenas de lugares por onde ele passou.

Quando resolvi abrir um salão, pedi a ele o nome. Foi resistente, porque pertencia a um espaço que tinha "falido", e ele não achava que seria um nome de "boa sorte"... Mas com a ajuda de uma amiga e da numerologia, chegamos ao THIPPOS, que nada mais significa que "tipos" (conjunto de características que distinguem uma classe, indivíduo, homem, modelo, estilo). Pelo sim, pelo não, aceitei e não me arrependo! Hoje, o THIPPOS atende a artistas, intelectuais, profissionais liberais, empresários, funcionários públicos, modernos, vanguardas, clássicos, conservadores e curiosos! E temos uma identidade forte. Era exatamente isso que eu queria oferecer.

BTH – Certamente há histórias divertidas e emocionantes. Aquelas de “bastidores”... Conta uma delas?
AG - O início de um salão, geralmente, é muito difícil... Pelo menos para mim, foi bastante. Precisava, como disse no início, formar um estilo, além de padrão de atendimento, excelência técnica e isso exige muito investimento. O dinheiro do carro foi só o start... Assim, o THIPPOS vivia no vermelho! Mesmo endividado, resolvi investir em estoque de coloração. Foi uma sugestão genial do cabeleireiro Luiz Jacoby, que naquela época era quem fazia praticamente todas as colorações. Ele era um excelente profissional e muito requisitado. Mas ele tinha uma característica peculiar, um ponto fraco, eu diria... Ele saía dos salões e sua “carta de demissão” era um bilhete que surgia do nada quando menos se esperava. O Jacoby simplesmente desaparecia.

Em resumo, uma semana depois de eu investir um valor, que na época era uma fortuna para o caixa do THIPPOS, o famoso bilhete do Jacoby apareceu na minha mesa. Sim, o nosso especialista em coloração tinha mudado de salão. E como desgraça pouca é bobagem, o meu concorrente mandou para os seus clientes e clientes fiéis do Jacoby um convite lindo para anunciar a chegada do novo profissional, que dizia: "A caçada começou! Entregue sua cabeça às tesouras da nossa equipe!”



Foto: Luiz Jacoby

BTH – Deve ter sido difícil... Você pensou em fechar o salão? Como fez para contornar?
AG - Naquelas condições, só tinha um jeito de pagar a conta, continuar com as portas abertas e investindo: fui trabalhar como gerente comercial em uma empresa de geradores de energia. Eu não queria fechar o THIPPOS e, durante um ano, fiz jornada dupla. Nesse período, a equipe tornou-se expert em coloração! Luiz Jacoby voltou e eu, claro, enviei um convite informando os clientes, dizendo: "A caçada terminou e trouxemos Luiz Jacoby de volta para você”! Depois de anos, é divertido lembrar disso...

BTH – O THIPPOS Hair é mais que um salão de beleza. Vocês se preocupam bastante com saúde dos fios e do bem estar... Como foi a caminhada até chegar a esse entendimento?
AG – A ideia do THIPPOS sempre foi essa e, claro que nos aprimoramos, investimos e continuamos sempre evoluindo. Mas tem algo que é um problema sério para a profissão, em qualquer lugar do País: a falta de regulamentação da profissão de cabeleireiro. Isso dificulta a definição de padrões mínimos de qualidade na carreira. Padrões que as pessoas possam conhecer e emitir o seu próprio juízo. Claro que os clientes confiam e nós levamos muito a sério o que oferecemos. Sabemos que há muito em jogo quando uma pessoa quer mudar o visual, manter o corte, preparar-se para um evento ou uma nova etapa de vida. Há questões além disso... Estamos falando do bem estar, da autoestima. E temos a obrigação de oferecer profissionalismo.

Foto: Luiz Jacoby com a atriz e apresentadora Juliana Thomáz, gravando uma matéria sobre transformação, em que ela foi a modelo

Hoje, vejo que a minha experiência com um público muito exigente e colaboradores dispostos a fazer algo diferente, muito melhor do que a maioria vinha fazendo, foi fundamental para implantarmos no THIPPOS um conceito de qualidade. É feeling e encaramos como “satisfação pessoal” estar cada vez mais preparados para o desafio de encantar o cliente. Vivemos e alimentamos isso diariamente aqui no THIPPOS.

BHT - Hoje, são duas unidades do THIPPOS, com duas assinaturas... Tem novidades por vir?
AG - Os serviços prestados são os mesmos. A qualidade técnica é sempre preservada mas o estilo de cada profissional é livre! Hoje são dois espaços, mas em breve serão três... O Thippos Concept (Nova Olaria), Thippos Ale Karam (Moinhos) e Thippos Leo Zamper (Cidade Baixa). O Thippos Concept foi a primeira unidade e adquiriu uma imagem de espaço alternativo, conceitual, em função da participação de muitas edições no Mix Bazaar (feira de modernidades que acontecia nos armazéns do Cais do Porto). Há nove anos, em sociedade com Alexandre Karam, conferimos glamour à loja do Moinhos. Na cidade Baixa, espaço que terá a cara de Leo Zamper, o atendimento será em meio a muita luz, cor e som! Os baladeiros vão gostar!

Foto: Alê Karam o estilista Dunga (destaque do Mix Bazzar),
combinando detalhes do desfile do estilista feito no THIPPOS Moinhos


Foto: Desfiles Mix Bazzar

BTH – E o que existe de comum entre os colaboradores do THIPPOS?
AG - Com certeza é a seriedade, dedicação e a paixão pelo que fazem. Os cabeleireiros do THIPPOS têm uma consciência clara sobre a profissão e o modo como a exercem. Sabem o quanto é importante acertar para encantar! O aperfeiçoamento técnico é buscado de uma forma espontânea e com frequência. São profissionais identificados com a marca. Costumamos dizer que somos da mesma família e que THIPPOS é o nosso sobrenome. São profissionais que pensam e planejam upgrades na carreira. Esse era o meu ideal desde o início. E construímos com o passar dos anos. Todos entendem que se um trabalho não agradar, a imagem de todos pode ficar arranhada, mas se um trabalho é reconhecido e elogiado, todos se beneficiam, exatamente como acontece numa família!

Foto: THIPPOS Hair em produção
BTH – Dia do Cabeleireiro... Como você define a profissão?
AG - A falta de regulamentação da profissão, que citei antes, faz com com que existam perfis diversos de profissionais. Não poderia ser diferente: o meu respeito e homenagem vai para aqueles que estão sempre investindo em mais conhecimento, buscando novas experiências e não se acomodam com a formação precária oferecida pela grande maioria das escolas e cursos existentes no mercado. Ser cabeleireiro é saber aproveitar a oportunidade de proporcionar às pessoas um momento de encantamento e felicidade. No dia de hoje, aproveito para parabenizar os profissionais do THIPPOS, que compartilham desse ideal.

Preciso aproveitar para a fazer uma homenagem especial ao profissional que me deu algumas dores de cabeça, mas foi fundamental para que o THIPPOS continuasse sua trajetória, com qualidade, com conceito e respeito pelo cliente: Luiz Jacoby. Ele faleceu há alguns anos, mas ele continua presente e, com certeza, vibrando com o espaço que ele ajudou a construir. E tenho que admitir que estava errado quando enviei o convite anunciando a volta do Jacoby: a caçada pelo talento e pela excelência nunca termina.

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