Uma Ferrari, dependendo do modelo, pode custar mais de R$ 2,5 milhões. O que ela faz de diferente de um carro popular, se ambos cumprem basicamente a mesma função? Um computador Apple chega a custar 40% a mais que um modelo de outra marca com desempenho semelhante.
Um perfume Prada é inconfundível, assim como um Channel 5. Mas claro que você consegue comprar fragrâncias até agradáveis em uma loja popular ou na farmácia. Um jeans Diesel veste tanto quanto uma calça comprada na liquidação de uma loja de departamentos.
Nessas horas, tem uma cena bastante interessante do filme já batido, mas nem por isso menos divertido, “O Diabo veste Prada”. A jovem jornalista e alheia ao mundo da moda Andy Sachs, personagem interpretada por Anne Hathaway, se diverte enquanto a terrível Miranda Priestly (Meryl Streep) escolhe entre dois cintos verdes com diferenças de difícil percepção.
É quando Miranda, apesar de ser a vilã da trama, dá uma grande lição sobre percepção de valores. A personagem de Meryl Streep questiona Andy se ela se considera “imune” ao mundo das grandes marcas. Ela conta a história do surgimento da cor azul celeste (na tradução para o português) no mundo da moda, cor do suéter usado pela jovem assistente na cena. Provavelmente comprado em uma loja popular, diz Miranda, o produto é resultado de uma fina percepção, que não foi apenas uma tendência... A cor virou moda e consolidou um conceito, resultado de uma coleção de vestidos lançados em um desfile em 2002 por Oscar de La Renta.
Ou seja, consolidar uma marca significa inovar, ter um diferencial, algo único. Algo que somente quem é capaz de compreender valores que vão além do fator monetário pode perceber. Sim, a moda está cada vez mais democrática e permite um diálogo horizontal, influenciando e recebendo influência do que acontece na realidade. Mas também é preciso reconhecer que algumas marcas se destacam e ditam tendências não por truques de marketing, mas sim por entender as pessoas. Isto é, criam produtos, designs, fragrâncias, padrões de qualidade tão inovadores que não apenas entendem as pessoas, mas dizem ao mundo o que significa entender as pessoas. É nisso que está o valor. E essa percepção é subjetiva.
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